terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Franz Deiss: um carpinteiro alemão em Porto Novo


por Douglas Orestes Franezn
Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Uceff Itapiranga

Franz Xavier Deiss nasceu em 16 de Agosto de 1909 na vila de Eglofs, Alemanha. Com a tomada do governo pelos nazistas na Alemanha e a ameaça da perseguição política, étnica e da ameaça eminente de uma nova guerra, imigrou para o Brasil no ano de 1933. 

Adquiriu um lote de terras na Colônia Porto Novo na comunidade de Linha Laranjeira, nas proximidades do leito do Rio Macaco Branco. Na Alemanha Franz já dominava o ofício da carpintaria (Tischler), atividade que desempenhou em Porto Novo, destacando-se na construção de residências, sedes sociais e de Igrejas. Com sua habilidade como carpinteiro disseminou em Porto Novo a técnica do enxaimel, herança cultural da imigração alemã em Itapiranga. Foi ele o mestre carpinteiro na estruturação do telhado da Igreja Matriz da Paróquia São Pedro Canísio de Itapiranga e na construção da Igreja em madeira da Paróquia São João Berchmans de São João do Oeste. Possuía uma habilidade memorável no trabalho com a madeira.

Residência Deiss em Linha Laranjeira.

Na foto acima vemos a primeira residência construída pela família Deiss na Linha Laranjeira. Essa edificação acabou sendo destruída por um incêndio. Franz foi casado com a alemã Maria Pia Deiss, com a qual teve três filhas: Margot, Cristina e Margarida. Depois de alguns anos Maria acabou retornando para a Alemanha com as três filhas.
Franz sempre teve uma personalidade muito marcante e instável, aspecto que é perfeitamente compreensível devido a sua vida na instável Alemanha do início do século XX. Nos últimos anos de sua vida costumava desaparecer em meio à mata ficando dias isolado em acampamentos. Foi inclusive internado em hospital psiquiátrico de Porto Alegre. 
Em seus últimos 25 anos de vida ficou aos cuidados de Maria Weth Theobald, na Linha Laranjeira. Faleceu no dia 22 de Abril de 1992, tendo seu leito de morte no cemitério da comunidade de Linha Laranjeira. 
Sua memória precisa ser preservada pela sua herança arquitetônica que deixou para a colonização de Porto Novo.