terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

As casas de Porto Novo: Residência Konzen/Jungbluth



As casas têm histórias, evocam memórias, vivências e experiências de vida. Cada residência emana uma vivência familiar que constitui vínculos com a cultura, com a tradição e com os saberes.

A família Konzen
Toda história tem um começo, tem um encadeamento de acontecimentos que precede o limiar de uma nova história, de uma nova vivência. Foi através do casamento de Arlindo Konzen e Olga Hammes que se inicia a bela história da família na comunidade de Cristo Rei, no município de São João do Oeste. Arlindo Konzen nasceu em 17 de Maio de 1919 em Passo do Sobrado, então município de Santa Cruz do Sul.  Olga Hammes nasceu em 05 de Abril de 1921 em Arroio do Meio. Arlindo veio morar com seus pais na comunidade Linha Jaboticaba, quando tinha cinco anos de idade.  A família de Olga estabeleceu residência na Vila São João. Na vida tenra da juventude se conheceram nos regrados bailes de Porto Novo. Diante da comunidade católica estabeleceram matrimônio no ano de 1944 na Igreja da Vila São João.
Como opção de moradia a família adquiriu um lote de terras na comunidade de Cristo Rei, às margens do Riacho Fortaleza. Na época a colonização de Porto Novo estava atingindo seus limites territoriais e a região de Cristo Rei era uma nova frente de colonização. Por isso a família Konzen foi uma das pioneiras da comunidade. De início a família construiu um rancho às margens do riacho, onde residiu durante 11 anos e onde nasceram os primeiros filhos.
Família Konzen. Fonte: Arquivo da família.

A história da casa
Com a propriedade já estruturada e a prosperidade financeira relativamente melhor, a família decidiu construir uma nova morada. A partir disso, no ano de 1955, é construída a casa em madeira que encontramos ainda hoje na propriedade. O primeiro filho que nasceu nessa casa foi Romeu Konzen. Ao todo foram 17 filhos: Arno, Maria, Teresa, Ivo (em memória), Neli, Ivone, Nestor, Alice, Romeu, Hedi, Beno (em memória), Helena, Hugo, Walter, Nair, Pedro (em memória) e Beno (em memória).
Aos padrões atuais é difícil compreender como uma família conseguiu educar 17 filhos. Numa época em que as dificuldades eram inúmeras, as famílias precisavam criar alternativas de subsistência e vivência para dar conta dos desafios cotidianos. A casa era uma simbiose de convivência familiar, onde os cômodos se vinculavam criando uma harmonia moral e religiosa que caracterizou grande parte das famílias de Porto Novo. O espaço de morada ia para além das paredes da casa, se expandia para a propriedade, para o potreiro, para o estábulo, para a roça e para a comunidade. Olga faleceu em 1983 e Arlindo em 1994, os filhos cresceram e passaram a construir seu próprio destino. Atualmente quem cuida da propriedade e zela pela preservação da casa são Aloísio e Helena, que ali educaram seus dois filhos: Michel (em memória) e Uilliam. A família se orgulha da residência e da propriedade, mantêm vivas as memórias familiares, as tradições, os espaços simbólicos e conserva objetos significativos para a trajetória da família Konzen.

Sua dimensão arquitetônica
A arquitetura em madeira possui uma dimensão muito significativa para a colonização Porto Novo. Ela reflete uma forma de construir de um período em que a madeira representou um dos alicerces da economia local, principalmente nessas edificações históricas em que o uso das madeiras hoje consideradas “exóticas” ou “de lei” eram empregadas de forma mais usual.
Para construir uma edificação em madeira era necessário ter muito conhecimento sobre os materiais, mas principalmente sobre as técnicas construtivas. Por isso que a carpintaria foi uma atividade muito significativa para o desenvolvimento da colônia. A casa foi construída em 1955 pelos carpinteiros Edgar Hammes e (?) Lauxen.

A casa foi construída com madeira de araucária, trazida da região de São Miguel do Oeste onde o irmão de Olga possuía uma madeireira. Os barrotes (Balken) e os baldrames são inteiriços e foram retirados da mata nativa da comunidade vizinha de Linha Medianeira e talhados a mão.  O assoalho (Fussboden) ainda é o original e se encontra muito bem conservado.
A residência Konzen possui uma volumetria característica da colonização germânica no Sul do Brasil. Toda em madeira possui uma planta retangular (13m x 7,5m) com os cômodos distribuídos funcionalmente ao longo de um corredor de acesso a partir do cômodo principal que é a cozinha. No pavimento superior encontramos o sótão (Speiger) que antigamente servia de quarto para os meninos e hoje serve como depósito. O telhado é suportado por esteios encaixados que liberam um vão que possibilita sua utilidade. Outro detalhe é o seu formato chanfrado na parte frontal e posterior, elemento que cria uma plástica arquitetônica e tipológica comum em colonizações germânicas. Em seu interior ainda encontramos mobiliários originais, como o relógio carrilhão com pêndulo, muito comum nas casas coloniais.

O sótão - Speiger

Relógio carrilhão com pêndulo

Mobiliário da família Konzen

Malas da família Konzen

Barrotes inteiriços, talhados a mão com instrumentos coloniais

Estrutura treliçada do telhado.

Janela do sótão

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Grosser Gott, Wir loben Dich


Grosser Gott, Wir loben dich. Uma das melodias mais conhecidas do catolicismo nas colonizações alemãs. Originalmente escrita na Alemanha, no ano de 1771 pelo Padre Ignaz Franz no contexto do Iluminismo europeu. A canção é muito difundida nas celebrações religiosas, tanto católicas quanto protestantes. É uma melodia muito celebrada em canções jubilosas ou em Ação de Graças.  Tornou-se um dos hinos religiosos mais conhecidos e difundidos no meio católico.


Performance de Earth Choir and Animato Symphonic Orchestra