Por: Daniele Tessing, Daiane Müller, Denise Reinehr
Acadêmicas do Curso de Arquitetura e Urbanismo
FAI Faculdades
Porto Novo tem como data de início da colonização abril de 1926. Fundada sob coordenação da Volksverein, foi idealizada para receber colonizadores de ascendência alemã e católica. A base da colonização foi pensada para distribuir lotes coloniais com a formação de núcleos comunitários, vilarejos onde se estabelecia casas comercias, a escola e a Igreja e clube recreativo.
A comunidade de Popi foi fundada nos primeiros anos de colonização de Porto Novo.
Centro comunitário de Popi, 1997. Fonte: Comunidade de Popi |
Antiga Igreja construída em 1929. Fonte: Comunidade de Popi |
A nova Igreja São Rafael
Nos anos de 1950, a
comunidade se mobilizou com a finalidade de construir uma nova igreja para a
comunidade, uma vez que a antiga já não comportava o número crescente de
moradores. Foi contatado o mestre de obras Reinoldo Goetz, que ficaria
responsável por comandar todo o processo de construção.
Como naquela época havia uma grande dificuldade de conseguir recursos das esferas municipal,
estadual ou federal, a Igreja foi erguida através do trabalho voluntário dos
moradores da comunidade. A grande maioria destas pessoas era responsável pela
identificação e derrubada das arvores de maior porte que serviriam para a
construção, ou então, pelo transporte que era realizado por força animal.
Apenas para citar,
relatos dão conta de que o morador Aloisio Hass popularmente conhecido por Sony,
proprietário de uma serraria, dedicou 30 dias de seu trabalho inteiramente
voluntário para a construção da igreja. Assim fora com a maioria das famílias da comunidade.
Num
gesto de espírito comunitário os sócios da comunidade de Linha Ipê-Popi, sob a
orientação de um mestre de obras se empenharam e construíram esta capela, uma
verdadeira obra de arte. Tudo isso com os trabalhos em mutirão dos moradores da
comunidade, além de doarem toda a madeira para a construção. As espécies de
árvores retiradas da mata para a construção foram a Cabreúva (Myrocarpus frondosus) para as
estruturas, a Cana fístula (Peltophorum
dubium) e o Pinus para o fechamento com tábuas.
Na
época havia madeira abundante nas matas, no entanto as dificuldades foram
grandes para derrubada das toras, transporte para serraria e levantamento da
obra. As estradas eram estreitas e por isso as carroças carregadas com as toras
enfrentavam dificuldades para se locomover.
Composição estrutural na construção em 1952. Fonte: Comunidade de Popi |
Na fotografia acima, da composição da estrutura, pode-se observar as pilastras que são peças únicas de madeira
com 11 metros de altura e seção de 30 por 30 centímetros aproximadamente. O pé
direito livre na nave central também se aproxima dos 11 metros de altura. Aos
fundos, aparece também a estrutura do que viria a ser o coro (local onde se
localizava o coral durante as celebrações. Os ripamentos da estrutura tem seção
aproximada de 20 por 20 centímetros.
Na fotografia com vista
lateral é possível ter uma noção da dimensão da igreja. Se observarmos a
estrutura, esta tem traços que se assemelham ao enxaimel, mas, para se ter
certeza deste fato, seria necessária uma análise técnica mas detalhada. Atualmente esta estrutura não é visível, por estar coberta
pela vedação das tábuas de madeira.
Vista frontal da Igreja em 1952. Fonte: Comunidade de Popi. |
Estrutura, vista lateral em 1952. Fonte: Comunidade de Popi |
No
dia 21 de dezembro
de 1952 foi inaugurada a atual igreja e no mesmo
dia o Padre
Helmut Kayser celebrou a sua primeira missa
nesta capela. Neta data, ela ainda não
era pintada. Segundo relato, o fato foi intensamente comemorado pela comunidade
com 3 dias de muita festa.
Internamente,
seguindo a tradição dos cultos da época, o altar na parede e o celebrante
realizava as missas de costas para as pessoas e geralmente em latim. Em frente ao
altar havia uma divisória para separar as pessoas do celebrante aonde as
pessoas se ajoelhavam em fileira para receber a sagrada eucaristia. Durante as
celebrações, apenas o celebrante e os coroinhas tinham acesso ao altar.
O
posicionamento das carreiras de bancos também era característico da tradição
religiosa local. Eram quatro carreiras, como pode ser observado na imagem abaixo
tirada durante uma festividade com a igreja ainda não pintada, onde os homens a direita e as mulheres a esquerda, e nas naves
laterais ficavam as moças a esquerda e os rapazes a direita.
Celebração religiosa, paredes ainda sem pintura. Fonte: Comunidade de Popi |
Não se sabe ao certo a data em que foi realizada a primeira pintura, pois não há nenhum registro em ata, porém, pelas imagens é possível concluir que ocorreu entre os anos de 1959 quando há o registro fotográfico do encontro das moças da Congregação Mariana em frente à igreja ainda sem pintura e outras imagem que datam de 1969 já é possível identificar a pintura em registro fotográfico da substituição da cobertura.
A
cobertura original da igreja foi feita com telhas coloniais. Em 1969 decidiu-se fazer a substituição por telhas de zinco. Nas imagens abaixo podemos
observar diversos trabalhadores empenhados na retirada das antigas e colocação
das novas telhas. É possível verificar uma grande parte já substituída e uma
porção ainda por substituir. Em ambos os lados da igreja foram construídas
rampas de madeira para permitir os trabalhadores subirem e descerem da
cobertura.
Fachada lateral quando da troca da cobertura em 1969. Fonte: Comunidade de Popi |
Em
1985 foi realizada uma reforma geral da estrutura, com substituição de tábuas e
algumas aberturas que foram afetadas pela umidade. Também foi realizada a
pintura tanto interna quanto externa e da cobertura. Uma das alterações que
foram realizadas nesta reforma de 1985 foi o reforço dos pilares com tijolos
maciços.
Reforço do pilar com tijolos. Foto: Daniele Tessing |
Como
não havia a possibilidade da retirada dos pilares de madeira cerca de 50 por 50
centímetros, estes acabaram permanecendo no local até hoje. Pode-se verificar a
deterioração onde a estrutura tem contato com o solo. Isso se dá porque, na
época da construção não se tinha um conhecimento de impermeabilização, por isto
a durabilidade deste material não é de prazo muito longo.
Desde
então, de anos em anos a igreja recebeu pequenas reformas, como a pintura do
telhado, construção da rampa, do caminho de acesso na frente, a substituição
eventual de tabuas deterioradas entre outras.
Em
2010, a estrutura da igreja foi atingida por cupins. Com isto, foi necessária
uma reforma na estrutura de madeira da igreja. Não se sabe o quanto da
estrutura que teve que ser substituída, nem se foram mantidas as espécies de
madeira originais.
Nave Central, 2016. Foto: Daniele Tessing |
Nave central, 2016. Foto: Daniele Tessing |
Em
2013, houve a reforma da cobertura com substituição das telhas de zinco por
telhas de aluzinco e a pintura interna. Além disto, algumas adequações foram
feitas para adequar o espaço ás normas do Corpo de Bombeiros. Na ocasião, foi
interditado o acesso ao coro, uma vez que a escada possui medidas fora das
normas de segurança, com degraus de cerca de 15 cm de largura.
Em 2014 foi realizada a retirada total
das instalações elétricas antigas e feita uma totalmente nova, uma vez que a
antiga apresentava alguns problemas e oferecia risco de incêndio. Por ser uma
construção quase que exclusivamente de madeira, um possível curto poderia causar grandes danos nesta edificação de grande
importância para a comunidade. Ainda no mesmo ano foi realizada a pintura
externa da igreja que por muitos anos era verde, sendo pintada de amarelo.
Fachada lateral atual, 2016. Foto: Daniele Tessing. |
Acesso ao coro, 2016. Foto: Daniele Tessing |
Congregação Mariana, 1959. Foto: Comunidade de Popi |
Fachada Lateral, 1969. Fonte: Comunidade Popi |
Confessionário original da Igreja. Foto: Daniele Tesssing |
Harmônio preservado mas não mais utilizado. Foto: Daniele Tessing |
Fachada no ano 2000. Fonte: Comunidade de Popi |
Gostaríamos conhecer essa igreja adoro construções antigas como fazer
ResponderExcluir