Moinho Seberi. Fonte: Autores |
por: Thaís Kovalski, Francieli Figueira, Juliane Klein
A origem de Seberi deu-se no século XVIII,
quando o território ainda era ocupado por luso-brasileiros que vinham da região
de São Paulo com a finalidade de aprisionar índios e aproveitar o campo de solo
fértil, nesta época foram formadas as primeiras roças para o cultivo de
alimentos. Muitas viajantes que seguiam de Palmeira das Missões para a região do
Barril, que hoje denomina-se Frederico Westphalen, ou até mesmo para água do Mel
a qual hoje é a atual Iraí, passavam por uma vasta mata nativa. Muitos
desses viajantes acabaram gostando do local e foram ali ficando e colonizando a
região a qual ficou conhecida por Boca da Picada.
Com a efetivação de uma vila, surgiu o empreendimento de um moinho. Aos poucos foi surgindo à necessidade de
expansão. Em 1946, quando as famílias Gemelli e Zanchet
firmaram sociedade para a abertura de um pequeno comércio na Rua General Flores
da Cunha onde ainda era distrito de Palmeira das Missões que, mais tarde, se
emancipou e tornou se município de Seberi. Com passar do tempo os negócios foram
expandindo devido ao aumento do número de famílias com isso o prédio foi sendo
expandido e o moinho totalmente construído. Na época, era feita a moagem de
cerca de 150 sacas trigo ao dia, devido as famílias proprietárias irem
crescendo e aos poucos deixando a cidade para morarem em outras localidades
acabou sendo feita a partilha dos bens e a partir disto o moinho passou a ser
de propriedade do senhor Genuíno Bertinato e filhos.
Moinho na época de sua inauguração, 1946. Fonte: Arquivo da Família. |
Fonte: Pedroso, 2009 |
Fonte: Pedroso, 2009 |
A
edificação situada na Rua Bento Gonçalves, no município de Seberi, foi um
desejo da família em abrir um comércio no ano 1946 sendo construída por um
conjunto de construtores, no qual somente anos mais tarde foi regularizado com
o desenvolvimento de plantas baixas, cortes, fachadas e demais itens
necessários para a aprovação da edificação. Para a época a construção era muito
importante visto o seu estilo rural-colonial e sua funcionalidade que era um
moinho, que funciona até os dias atuais. Além de não possuir muitas formas
geométricas, ausência de ornamentos e estilos históricos, e grande uso do
concreto, baseando-se na teoria de que menos é mais.
Inicialmente
foi construído somente o bloco central que é onde estão as máquinas e o
depósito, que atendia os clientes da região, no qual era feito a moagem de
aproximadamente 150 sacas por dia, porém com o rápido crescimento a família
notou a necessidade de aumentar, e assim criando um bloco para depósito de todo
o produto recebido, e por último foi o construído o bloco separado que fica de
frente para rua, que serviu como escritório e armazém de produtos secos e
molhados, porém anos depois foi fechado ligando-o ao moinho. A edificação então
não teve sua estrutura externa e pintura remodelada, apenas a estrutura interna
que devido algumas intervenções, passou a ter outro piso e estão sendo
retirados algumas divisórias devido a uma reforma em andamento.
A
edificação possui vários traços que permaneceram presentes com o passar dos
anos, identificados em suas fachadas, como, a curvatura da parede ao lado das
janelas, os tons claros utilizados, a presença de janelas basculante, portas
grandes de madeira, telhado platibanda nos primeiros dos blocos construídos e
no outro telhado aparente, frisos nas fachada lateral do moinho, feitas a
partir do concreto se revestimentos, além da tubulação de calhas visíveis na
fachada.
Os
ambientes internos são amplamente distribuídos compostos de máquinas do moinho
e objetos históricos pertencentes ao antigo escritório e armazém. Percebe-se a
grande presença de iluminação interna natural, porém pouca ventilação devido as
pequenas janelas. Todos os ambientes apresentam divisórias de concreto e piso
de madeira, além do acesso entre os diferentes pavimentos serem através de
escadas de madeira, sem nenhum guarda-corpo e estreitas, menores que 1,20m para
uma melhor circulação. As janelas basculantes são de madeira e vidro, e as
portas e janelas aonde era o escritório são de aço com cores diferentes da
original.
A
cobertura é de zinco e telha aparente, não possui forro, assim pode se observar
as tesouras e escoras que dão sustentação ao telhado. Além disso, ainda há a
presença do reservatório de água superior e as tubulações de água, além da
distribuição da fiação elétrica em tubulações também que estão aparentes nas
paredes. Nota-se que a estrutura do telhado é bem reforçada, significando que
mesmo sem um bom projeto desenvolvido os construtores entendiam sobre o mesmo e
como deveriam fazer para mantê-la em pé por anos.
Atualmente
no local ainda é possível observar a presença de equipamentos antigos e que
foram de grande importância ao longo do anos para o crescimento do moinho. Bem
como a logomarca do início do moinho utilizado para espalhar a marca do espaço
para a região e assim obter clientes. Além de balança e o pacote utilizado para
pesagem e distribuição do produto, a embalagem de distribuição era em pacote de
papel, sendo que hoje em dia a maioria dos clientes levam a sua própria
embalagem para a retirada da farinha.
REFERÊNCIAS
JÚNIOR, Edilson Wanderlei
Pedroso. ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SEBERI-RS. 187
p. Análise Urbano-Regional (Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande) - Universidade Federal do Rio Grande Instituto de Ciências
Humanas e da Informação, Rio Grande - RS, 2009.
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