Irmão Francisco Gellerman, S.J. |
Texto e Pesquisa: Padre Inácio Spohr.
Fragmento do livro Memória de 665 jesuítas da Província do Brasil Meridional
Francisco não teve queda para trabalhos na lavoura, mas de construção civil. A pregação de um missionário incentivou-o a buscar a vida religiosa. Um pároco indicou-lhe os jesuítas.
Francisco ingressou na Companhia de Jesus, em
Blijenbeek, Holanda, a 01 de setembro de 1897. Durante o noviciado e, um pouco
depois, no Colégio de Valkenburg, ajudou nos serviços da cozinha, até 1899.
Veio ao Brasil em fevereiro de 1900. Após alguns anos
de trabalhos na cozinha e outros serviços, nas cidades de Rio Grande (1900-1901)
e São Leopoldo (1902), esteve à disposição do P. Superior para realizar
trabalhos de construção no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Assim consta
nos catálogos da Província, ano após ano. Emitiu os últimos votos de Irmão
jesuíta, dia 02 de fevereiro de 1908.
Em fins do primeiro ano (1901) foi chamado a Pareci
Novo, onde se construía a primeira parte do novo Colégio. Foi-lhe confiada a
arrumação do telhado e ele entendia bem seu ofício de carpinteiro. Construir
telhado ficou sempre seu trabalho predileto.
Logo depois do trabalho em Pareci Novo, foi chamado a
São Leopoldo para ajudar na construção de uma escola para externos. Depois
voltou a Pareci. Nos primeiros cinco anos, teve que mudar 14 vezes de
domicílio. Poucos padres ou irmãos terão mudado tantas vezes sua residência
como ele. Basta ver a lista conforme o catálogo, mas aí não constam todos os
domicílios em que esteve.
Com o tempo, Ir. Gellermann adquiriu conhecimentos na
construção em tijolos e cimento armado e começou a ajudar, fiscalizar e a
dirigir a construção de casas paroquiais, igrejas e colégios. Os colégios da
Companhia no Rio Grande e Pelotas, os seminários de São Leopoldo e Santa Maria
lhe devem parte das suas construções.
As igrejas de Bom Princípio (1905), Santo Inácio da
Feliz (1917), Nova Petrópolis (1921) e Pareci Novo (1933), aumentos
consideráveis ou até a construção mesma desde os fundamentos à torre. Em 1933,
terminou a construção da nova e bela casa canônica de Porto Novo (Itapiranga).
Em 1934, habilíssimo arquiteto, esteve em Cerro Largo duas semanas para fazer o
projeto e começar a construção da nova casa paroquial.
Suas obras mestras são o edifício escolar do Colégio
Catarinense (1924) em Florianópolis, o noviciado em Pareci Novo (1930), o
Colégio Santo Inácio em Salvador do Sul (1935) e o Colégio Cristo Rei (1942),
em São Leopoldo.
No ano de 1906, trabalhou na instalação da capela do
Colégio Catarinense; uns meses depois, foi novamente na construção do ginásio
de Pelotas e mais uma vez em Florianópolis. Foi então que ergueu o famoso
galpão desportivo do Catarinense, de 40 x 13, alojando dois campos de tênis,
que lhe ganhou muitos admiradores pela elegância da construção, a grande
amplitude e a oportunidade. Ao mesmo tempo construiu a igreja doméstica no
Colégio das Irmãs da Divina Providência em Florianópolis, obra pouco conhecida
dos Nossos, mas muito bela.
Fora das obras para os Nossos, o Ir. Gellermann também
ajudou a muitos outros, ora por plantas de igrejas ou capelas, ora por bons
conselhos que dava de boa vontade. Era conhecido por toda parte, principalmente
nas colônias, como competente em construções e outras coisas da vida prática.
As construções distinguiam-se por grande solidez e segurança, às vezes até
demasiada.
Em tudo que dizia respeito à pobreza e à construção
era sumamente consciencioso. Não permitia que operários, materiais, carros,
instrumentos destinados à construção se usassem para outros fins. Os operários
admiravam-se do trabalho incansável do bom Irmão; era ele sempre o primeiro no
terreno da construção e o último que o abandonava. Apesar da grande seriedade,
gostavam muito de trabalhar com ele; sabiam que aprenderiam sempre coisas novas
com ele e que receberiam o salário sem falta nos sábados.
Com o Ir. Gellermann os párocos e superiores religiosos
perderam um fiel conselheiro em matéria de construção, a Companhia de Jesus um
ótimo religioso que uniu extraordinárias qualidades de inteligência e vontade a
uma piedade sincera e profunda. Edificava os operários e os muitos que chegavam
para ver as construções não só pelo trabalho e a prudência e circunspecção com
que sempre procedia, impressionava ao mesmo tempo pelas conversas sólidas e
edificantes.
Ir. Gellermann foi homem de virtude sólida e viril. Sempre
fiel nos exercícios de piedade e merecia toda confiança dos seus superiores que
o mandavam sem receio aonde era preciso. Era humilde. Não se vangloriava das
obras feitas. Fazia tudo para a maior glória de Deus.
É de estranhar quanto o Ir. Gellermann tenha
trabalhado apesar das doenças dolorosas que o atormentavam desde dezenas de
anos. Sentia fortes dores nos intestinos. Fez consultas médicas, mas os
remédios não lhe deram alívio. Por anos inteiros teve a maior dificuldade com o
comer.
Além disso, no decorrer da última construção teve muita
tosse. Foi internado no hospital de São Sebastião do Caí. A situação era grave.
Recebeu os santos sacramentos. Foi levado a São Leopoldo. Faleceu no dia 05 de
junho de 1942, numa 1ª sexta-feira, dia esse sempre desejado por ele para
morrer. Tinha 67 anos de idade e 45 de Companhia.
Colégio Cristo Rei, São Leopoldo-RS |
Colégio Santo Inácio, Salvador do Sul-RS |
Colégio Catarinense, Florianópolis-SC |
Paróquia Nossa Senhora da Purificação, Bom Princípio-RS. |
Paróquia Santo Inácio, Alto Feliz-RS |
Casa Canônica, Itapiranga-SC |
Seminário Pareci Novo-RS |
OCUPAÇÕES
NA COMPANHIA DE JESUS
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Qual
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Casa
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Lugar
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Período
|
Cozinheiro auxiliar
|
Colégio Santo Inácio
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Valkenburg, Holanda
|
1899-1900
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Cozinheiro
|
Residência S. Coração
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Rio Grande, RS
|
1900-1901
|
Carpinteiro
|
Colégio Conceição
|
São Leopoldo, RS
|
1902
|
Pedreiro
|
Colégio Gonzaga
|
Pelotas, RS
|
1903-1904
|
Pedreiro
|
Colégio Conceição
|
São Leopoldo, RS
|
1905-1906
|
Pedreiro
|
Colégio Catarinense
|
Florianópolis, SC
|
1907-1916
|
Pedreiro
|
Colégio Gonzaga
|
Pelotas, RS
|
1917
|
Pedreiro
|
Paróquia Santo Inácio
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Santo Inácio da Feliz
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1918-1920
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Pedreiro. Marceneiro
|
Colégio São José
|
Pareci Novo, RS
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1921-1923
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Pedreiro. Construtor
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Colégio Catarinense
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Florianópolis, SC
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1924-1926
|
Pedreiro
|
Colégio Anchieta
|
Porto Alegre, RS
|
1927
|
Pedreiro. Construtor
|
Seminário São José
|
Santa Maria, RS
|
1928
|
Pedreiro. Construtor
|
Colégio São José
|
Pareci Novo, RS
|
1929-1932
|
Pedreiro. Construtor
|
Paróquia Sagrada F.
|
Cerro Largo, RS
|
1933
|
Pedreiro. Construtor
|
Colégio São José
|
Pareci Novo, RS
|
1934
|
Pedreiro. Construtor
|
Paróquia SS. Salvador
|
Tupandi, RS
|
1935-1936
|
Pedreiro. Construtor
|
Colégio Santo Inácio
|
Salvador do Sul, RS
|
1937
|
Pedreiro
|
Paróquia São João B.
|
Santa Cruz do Sul, RS
|
1938
|
Pedreiro. Construtor
|
Colégio Catarinense
|
Florianópolis, SC
|
1939
|
Pedreiro. Construtor
|
Vila Gonzaga
|
São Leopoldo, RS
|
1940-1941
|
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