por Douglas Orestes Franzen
Professor da Uceff Itapiranga
A Oktoberfest é uma festa que surgiu na
Alemanha no início do século XIX na região da Baviera, mais precisamente na
cidade de Munique. Assim como qualquer
tradição, ela foi uma celebração criada e que acabou se tornando popular com o
passar dos anos ao ponto de ter se expandido para várias regiões do mundo,
principalmente onde se instalaram imigrantes alemães. A origem da festa na Alemanha se remete ao
casamento real entre Ludovico da Baviera e a princesa Teresa de Saxe-Hildburghausen, que ocorreu no mês de Outubro
e que se tornou popular e uma tradição anual por ser associado às comemorações
de fim de verão e início de Outono na Alemanha. Atualmente a Oktoberfest é uma
festival folclórico reconhecido internacionalmente e leva uma multidão de turistas
à cidade de Munique.
Em Itapiranga, os registros da primeira edição
são datados do ano de 1978, quando, segundo o histórico oficial do evento, um
grupo de amigos se reuniu na comunidade de Linha Presidente Becker para iniciar
uma comemoração aos moldes da que ocorria na Alemanha. Segundo o histórico do
evento, a ideia “foi de realizar uma festa específica da comunidade
para cultivar e preservar a cultura alemã” (OKTOBERFEST, 2018). Com esta data,
Itapiranga defende a posição de ser o berço nacional da Oktoberfest. Em 2018 foi inagurado em Linha Becker o memorial da Oktoberfest de Itapiranga.
Memorial da Oktoberfest. Fonte: OesteMania.net |
Com essa origem
comunitária a Oktoberfest cristaliza um vínculo simbólico e histórico com a
Alemanha, no sentido de manifestar uma festa de caráter localizado e restrito a
uma comunidade com vínculos de proximidade identitária. Com o passar dos anos,
a festa começou a ganhar proporções maiores, passando a ser realizada inclusive
na cidade de Itapiranga, onde se construiu um complexo para tal finalidade. Com
essa dimensão, a Oktoberfest adentrou num outro campo de ação em relação à
dimensão patrimonial, que é o turismo cultural.
Com a dimensão
turística potencializada, Itapiranga se encontra diante do dilema de manter
vínculos simbólicos de identidade histórica e cultural frente ao processo de
mercantilização e comercialização da festa. Nada impede que as dimensões
culturais e comerciais sejam aproximadas e se complementem para objetivos
comuns. No entanto, à medida que a Oktoberfest se torna um fator de geração de
renda através do turismo cultural, há uma fragmentação das identidades
comercializadas, ou seja, se constituem elementos de divergência entre
simbologias genuinamente culturais e históricas em detrimento de um maniqueísmo
imagético que atende ao desejo de se constituir uma “imagem para turista
ver”.
Oktoberfest na Linha Becker. Fonte: OesteMania.net |
O
que se constata é um esforço por manter práticas que fortaleçam o laço entre a
festa e a identidade cultural. Esse esforço se cristaliza numa agenda ampla de
atividades socioculturais que ampliam o horizonte de abrangência da
Oktoberfest, criando vínculos com a comunidade local. Um exemplo é a escolha
das soberanas da festa que representam entidades da comunidade itapiranguense.
Outra atividade nesse sentido é representada pela escolha do casal Fritz e
Frida e do concurso do casal Opa e Oma. Na
agenda da festa de 2018 se percebeu também um esforço por realizar atividades
culturais o que representa uma iniciativa no sentido de fortalecer os laços da
Oktoberfest com a cultura local.
Concurso Fritz e Frida. Fonte: Site Prefeitura Itapiranga |
Concurso Opa e Oma. Fonte: Site Prefeitura Itapiranga |
Vídeo da Oktoberfest da Melhor Idade 2018
Fato
é de que a Oktoberfest simboliza uma festividade de identidade germânica da
população local. A festa em si representa um momento que sintetiza toda uma
gama de práticas culturais cotidianas, que vão desde hábitos alimentares,
celebrações, valores, padrões de comportamento, formas de se vestir e formas de
se expressar.
Soberanas 2018. Fonte: Oktoberfest Oficial |
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